Refluxo Gastroesofágico: Como a Alimentação Pode Ajudar a Controlar

O refluxo gastroesofágico é uma condição comum que afeta milhões de pessoas. A alimentação desempenha um papel crucial no seu controle e na prevenção dos sintomas. Neste artigo, você descobrirá quais alimentos devem ser evitados para prevenir o agravamento dos sintomas e como as orientações práticas e valiosas, como pequenas mudanças na sua alimentação e estilo de vida, podem fazer uma grande diferença no seu bem-estar.

  1. O que é a Doença do Refluxo Gastroesofágico?
  2. Alimentos que devem ser evitados
  3. Como o horário das refeições afeta o refluxo
  4. Mudanças no estilo de vida que ajudam no controle

 

Doença do refluxo gastroesofágico

A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é a condição que se desenvolve quando o conteúdo ácido do estômago retorna ao esôfago.  Esse retorno provoca, na maioria das vezes, sintomas desagradáveis, como azia, queimação (pirose) e desconforto no peito, e pode até causar complicações mais sérias, se não for tratado adequadamente.

O refluxo ocorre porque o músculo que separa o estômago do esôfago, o esfíncter esofágico inferior, não funciona corretamente, permitindo que o ácido suba. Quando uma pessoa está em pé ou sentada, a gravidade ajuda a prevenir o refluxo, o que explica por que o refluxo pode piorar quando a pessoa afetada está deitada. Também, é mais provável que o refluxo ocorra logo após as refeições, quando o volume e a acidez do conteúdo do estômago estão mais elevados e o esfíncter é menos propenso a não funcionar adequadamente.

Os fatores que contribuem para o refluxo incluem:

  • Ganho de peso
  • Alimentos gordurosos
  • Bebidas cafeinadas e gasosas
  • Álcool
  • Tabagismo
  • Alguns medicamentos, como anti-inflamatórios não esteroidais (ibuprofeno e aspirina), benzodiazepínicos (diazepam e alprazolam), bloqueadores dos canais de cálcio utilizados no tratamento da hipertensão (nifedipina e anlodipino).

A azia (uma sensação de queimação) é o sintoma mais evidente de refluxo gastroesofágico. A azia pode ser acompanhada de regurgitação, na qual o conteúdo gástrico chega até a boca. Se o conteúdo do estômago alcançar a boca, pode causar dor de garganta, rouquidão, tosse ou uma sensação de nó na garganta. Em raras ocasiões, o conteúdo do estômago atinge os pulmões, causando tosse e/ou sibilos. Algumas vezes, pessoas que têm azia de longa data desenvolvem dificuldade em engolir (disfagia).

Se você tem refluxo, você não está sozinho! É um dos diagnósticos mais comuns na gastroenterologia, que afeta cerca de 12% a 20% da população brasileira.

O tratamento da DRGE tem como principais objetivos controlar os sintomas, cicatrizar lesões no esôfago (esofagite) e prevenir complicações futuras.

A maioria dos pacientes responde bem ao tratamento clínico clássico, que envolve a combinação de medidas comportamentais (como mudanças no estilo de vida) e o uso de medicamentos inibidores da secreção ácida gástrica (uso limitado dos prazois), ambos aplicados de forma simultânea para maior eficácia.

Os medicamentos que são indicados no tratamento da DRGE favorecem a inibição da secreção gástrica, os quais atuam na melhora dos sintomas e cicatrização da esofagite. Dentre eles, tem-se:

  • Inibidores da bomba de prótons (omeprazol, esomeprazol)
  • Antiácidos e sucralfato
  • Alginato
  • Bloqueadores dos receptores H2 da histamina (cimetidina, ranitidina)
  • Procinéticos (metoclopramida, domepridona).

ATENÇÃO: É fundamental consultar um médico antes de iniciar qualquer medicação. Somente o médico pode determinar o tratamento mais adequado, levando em conta a sua condição clínica e a gravidade dos sintomas. Nunca utilize medicamentos sem prescrição, pois eles podem causar efeitos colaterais e trazer riscos à sua saúde.

Em casos de crise ou sintomas agudos, pode ser necessário o uso de medicamentos de ação rápida como um “SOS”. No entanto, o acompanhamento médico regular é essencial para ajustes no tratamento.

 

Alimentos que devem ser evitados

  • Alimentos que favorecem o refluxo: Evitar o consumo de menta, hortelã, chocolate, café puro (especialmente expresso), chá mate, chá preto, refrigerantes à base de cola, água com gás, suco e frutas cítricas como limão e laranja, e molhos concentrados de tomate. Alimentos picantes, como pimenta de qualquer tipo ou quantidade, também devem ser evitados.
  • Frutas ácidas: Além do limão e da laranja, é importante observar a tolerância pessoal em relação a outras frutas ácidas, como acerola, abacaxi, morango e maracujá, que podem desencadear sintomas em algumas pessoas e que podem atrapalhar a cicatrização de uma esofagite
  • Ingestão de líquidos: Evite ingerir líquidos durante as refeições, especialmente bebidas gaseificadas
  • Alimentos gordurosos: Frituras e alimentos ricos em gordura podem agravar o refluxo e devem ser evitados. Mesmo as gorduras consideradas saudáveis (abacate, azeite e castanhas e nozes), quando consumidas em excesso, podem contribuir para o refluxo. Portanto, é importante moderar a quantidade de gordura na alimentação, independentemente da fonte. A qualidade é importante, mas a quantidade também!
  • Álcool e fumo: Bebidas alcoólicas e o cigarro agravam os sintomas do refluxo e devem ser evitados sempre que possível.

 

Alimentação para o controle da doença do refluxo gastroesofágico

 

Como o horário das refeições afeta o refluxo?

O momento em que você se alimenta tem um papel fundamental no controle dos sintomas da DRGE. Dessa forma, prefira:

  • Comer grandes refeições ou lanches pouco antes de deitar aumenta o risco de refluxo noturno, pois a gravidade não ajuda a manter o conteúdo do estômago no lugar.
  • Esperar pelo menos 2 a 3 horas após comer antes de deitar ou pelo menos 1 hora antes de ir para academia pode reduzir significativamente o refluxo.
  • Evitar carregar peso ou qualquer esforço que aumente a pressão abdominal após as refeições.
  • Manter intervalos regulares entre as refeições e optar por porções menores e mais frequentes diminui a pressão sobre o estômago, ajudando a prevenir o refluxo.

 

Mudanças no estilo de vida que ajudam no controle

Para reduzir os sintomas da DRGE, as seguintes mudanças no estilo de vida são recomendadas:

  • Perda de peso: Essencial para pessoas com sobrepeso, pois o excesso de gordura abdominal aumenta a pressão no estômago, favorecendo o refluxo.
  • Elevação da cabeceira da cama: Dormir com a cabeceira elevada ou utilizando um travesseiro anti-refluxo reduz o refluxo ácido durante a noite. Preferir dormir de lado, virado para o lado esquerdo, também diminui o refluxo
  • Gerenciamento do estresse e da ansiedade: O estresse e a ansiedade podem agravar os sintomas de refluxo. Técnicas de relaxamento, como meditação, yoga ou exercícios de respiração, podem ser benéficas. Encontre atividades que o ajudem a relaxar e que se encaixem na sua rotina.

 

Se você está enfrentando sintomas de refluxo gastroesofágico, é fundamental buscar orientação profissional. Agende sua consulta para um acompanhamento nutricional personalizado.

 

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Referências

Katz PO, Dunbar KB, Schnoll-Sussman FH, Greer KB, Yadlapati R, Spechler SJ. ACG Clinical Guideline for the Diagnosis and Management of Gastroesophageal Reflux Disease. Am J Gastroenterol. 2022 Jan 1;117(1):27-56. doi: 10.14309/ajg.0000000000001538. PMID: 34807007; PMCID: PMC8754510.

Manual MSD. Versão Saúde para a Família. Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE). 2024.

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